Em meio às celebrações do mês da mulher, a Escola de Moda da Giral promoveu, na última sexta-feira (14), um evento que marcou dois momentos importantes: a abertura das atividades para o ano de 2025 e a formatura das turmas de corte e costura de nível avançado. O evento destacou a força e resistência femininas, reunindo histórias inspiradoras de superação e conquista.
“O que seria do mundo sem as mulheres?”, provocou Everaldo Costa, fundador da Giral, durante sua fala de abertura. O educador destacou a importância, força e presença feminina na sociedade, além da resistência e resiliência dessas mulheres frente às imposições sociais relacionadas aos papéis e deveres atribuídos a elas.
Após a formação da mesa de abertura, composta pela equipe da escola, educadoras e coordenadoras de outros projetos da instituição, a estudante Deusamar Santos compartilhou um comovente testemunho. Aos 23 anos, ela enfrentou um acidente que resultou na perda de uma das pernas, mas não de sua determinação. Hoje, Deusamar é artesã e administra seu próprio ateliê em Feira Nova. “Mesmo antes do acidente eu já tinha vontade de costurar, mas não conseguia”, relatou. Ao falar sobre sua experiência na Escola de Moda, Deusamar elogiou a abordagem pedagógica inclusiva: “Você não precisa saber ler e nem escrever pra aprender a costurar. Jonne não é um professor, é um mestre”.
“A formatura de hoje é muito especial, principalmente por se tratar do público que conseguiu chegar no seu resultado final”, destacou Jonne Cleibson, costureiro e educador da Escola de Moda. “São mulheres de idade um pouco mais avançada, que com a participação no curso, elas resgatam a sua autoestima, resgatam uma nova perspectiva de vida”.
O evento promoveu dois momentos especiais de reflexão sobre o tema “Igualdade de Gênero e Empoderamento Feminino”. O primeiro foi conduzido pela educadora e assistente social Renata Uchôa. Em sua apresentação, a educadora abordou temas como direitos, oportunidades, crescimento econômico e qualidade de vida. Renata explicou como a Giral contribui nesse processo de empoderamento: “Como a gente faz isso aqui na Giral? Através da Educação. Tomando propriedade do que eu quero pra mim. Isso dá autonomia para mulheres decidirem pra onde querem ir”. Dando continuidade, Francisco Paiva, enfermeiro especialista em saúde da mulher Francisco abordou questões como empoderamento feminino e papéis de gênero. “Rompam as barreiras! Não deixem que as pessoas digam o que vocês podem ou não fazer!”, incentivou.
Formatura e desfile: a concretização de sonhos
O ponto alto do evento materializou-se na formatura das turmas de corte e costura de nível avançado. Em um desfile protagonizado pelas formandas, foram apresentadas com peças confeccionadas por suas próprias mãos nas oficinas da escola – a concretização dos conhecimentos adquiridos e a celebração da capacidade criativa de cada uma. Jonne destacou a emoção de ver mulheres participando ativamente do desfile com peças confeccionadas por elas: “Isso é muito bacana, principalmente falar da superação que elas tiveram para chegar até aqui”.
Para Maria Aparecida, 65 anos, a formação representou a realização de um sonho antigo: “Quando eu era mais nova, eu queria muito fazer um curso de corte e costura e nunca tive oportunidade porque precisava trabalhar pra criar os filhos. Aqui foi essa oportunidade de realizar um sonho antigo”. Hoje, Maria Aparecida empreende: “Em agosto do ano passado eu aluguei um espaço e montei uma lojinha, um ateliê de costura. Minha filha é artesã, a gente se juntou, abriu essa lojinha. Eu costuro e vendo as peças que eu faço”.
Já a trajetória de Verônica Oliveira, 57 anos, revela outra dimensão transformadora da Escola de Moda da Giral. Para além dos conhecimentos técnicos adquiridos, a formanda destacou o impacto profundo em sua saúde mental: “Essa Giral mudou muito a minha vida, porque eu entrei aqui com uma depressão muito forte, muito forte mesmo”. Suas palavras evidenciam como o aprendizado pode ser um poderoso instrumento de transformação pessoal.
A coordenadora do projeto, Luciene Moura, enfatizou justamente como a dimensão formativa da Escola vai além do ensino técnico: “O dia de hoje foi muito enriquecedor na formação dessas mulheres, porque além do corte e costura, a gente também trabalha com essas outras questões”. A coordenadora ressaltou a importância de debater o empoderamento feminino: “Trazer esse tema para essa discussão, para elas perceberem o quanto são importantes, que precisam cada dia mais ocupar o espaço que têm na sociedade, é enriquecedor. Enquanto mulher, vivenciando o mês de março e dando ênfase a essa temática, vemos que no dia a dia muitas vezes a gente vive situações de exclusão. Então parar para pensar, debater esse tema, refletir, é muito importante”.
A Escola de Moda da Giral segue cumprindo seu papel na formação técnica e humana, promovendo autonomia e desenvolvimento pessoal através do ensino da costura e do fortalecimento da autoconfiança. A iniciativa é uma realização da Giral e conta com o apoio do Ministério das Mulheres.