Uma das principais armas no Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes ainda é a informação. Em maio, através de formações, palestras e rodas de conversa, nossos projetos têm trabalhado essa temática crucial. Essas e outras ações têm sido desenvolvidas pela Giral nas atividades da Campanha Faça Bonito, que nacionalmente marca o mês de combate aos crimes sexuais contra as crianças e adolescentes.
Renata Uchôa, coordenadora Geral de Projetos destaca as formações comunitárias do Projeto Sistema de Vínculos Solidários (SVS) como um dos pontos altos das atividades. “Essas ações estão chegando a comunidades que ainda não possuem políticas públicas ativas, como CRAS e CREAS, e onde muitas vezes a população nunca ouviu falar dessas instituições”, ressaltou. Comunidades como Tapera de Santa Maria e Taboquinhas, onde o tema do combate ao abuso é novo tanto para crianças quanto para suas famílias, têm sido especialmente beneficiadas. Além das ações voltadas para os participantes diretos dos projetos, o trabalho das nossas equipes tem se estendido para as comunidades, famílias e escolas, envolvendo mais sujeitos e ampliando o impacto das ações.
Para abordar um tema tão delicado, como de praxe, a Giral tem se utilizado da educação popular. “Partimos do conhecimento e das experiências das pessoas, apresentando o que é a temática e explicando direitos, muitas vezes desconhecidos pelas famílias”, explica Renata. Segundo a coordenadora, esse tipo de abordagem é primordial quando se pensa nas formações e oficinas, principalmente quando se trata de uma temática que ainda carrega tantos tabus. “Muitas vezes as famílias não têm a dimensão de quais são seus direitos, do que é o próprio limite individual de proteção do corpo da criança e do adolescente. Então a gente parte desse lugar da experiência, do que é que eles conhecem sobre, para poder somar nossos conhecimentos e fazermos essa troca”, diz ela enfatizando ainda a importância da escuta em todos os processos formativos.
Diante da dificuldade de acesso de muitas políticas públicas, a Giral e outras organizações têm cumprido um papel importante no que tange a conscientização e educação.“Como o próprio estatuto diz, é papel da família, da sociedade, do poder público e das pessoas no geral, garantir a efetivação dos direitos da criança e do adolescente”, aponta Leonildo Moura, Diretor Presidente da Giral. E nesse sentido, a Giral tem trabalhado para preencher lacunas deixadas pelo Estado, oferecendo uma formação humana e social que tem oferecido formação para cidadãos que conheçam e exerçam seus direitos.
Os educadores desempenham um papel crucial ao conectar as crianças com suas famílias. “A principal ponte entre as crianças e as famílias são os educadores. Eles conhecem a estrutura familiar e ajudam a traçar o perfil das famílias, permitindo uma abordagem mais direcionada e eficaz”, aponta Renata. As formações com as famílias são fundamentais para estabelecer vínculos e promover a conscientização sobre temas como abuso e exploração infantil.
Para Leonildo, essa proximidade com as famílias é fundamental principalmente no que diz respeito aos dados alarmantes sobre os abusos e violação de direitos. “Sabemos que são dados oficiais, grande parte desses casos acontecem dentro de casa, não são pessoas estranhas”, afirma. Para o Diretor, é um trabalho constante e precisa acontecer em conjunto com todas as instâncias, da escola à família, das organizações sociais ao estado. Fortalecendo a rede de proteção e evitando que esses e outros direitos sejam violados.
EDUCAR PARA PROTEGER
Em sua sexta edição, o Seminário Educar para Proteger abordou o tema “Conexão com Proteção na Era Digital”, com foco em combater o abuso e à exploração sexual online. O evento, realizado em parceria com a Rede de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes de Pernambuco, o CEDCA-PE e o CMDCA Glória do Goitá-PE, proporcionou formação, debate e orientação para profissionais da GIRAL e da Rede de Proteção, envolvendo mais de dez municípios do Agreste e da Zona da Mata pernambucana.
OUTRAS AÇÕES
Transversalmente, nossos projetos têm desenvolvido atividades específicas sobre a Campanha Faça Bonito. Desde as formações comunitárias em comunidades rurais, desenvolvidas através do Projeto Sistema de Vínculos, até as atividades lúdicas promovidas junto às crianças das Oficinas do Saber, em maio atingimos cerca de 4.566 diretamente por meio de nossas ações.
Projeto Meninos e Meninas da Alegria em Movimento: Nas oficinas de balé, crianças aprenderam sobre prevenção à violência com o livro “Menina não guarda segredo!” e atividades lúdicas. Nas oficinas de música, adolescentes participaram de rodas de diálogo e assistiram a vídeos educativos, aprendendo a identificar e buscar ajuda contra abusos.
Projetos Educação Integral de Crianças e Adolescentes e Educação e Tecnologia Promovendo Cidadania: Uma palestra com o conselheiro tutelar Inaldo de Souza reforçou a prevenção do abuso sexual, explicando diferenças entre abuso e exploração, apresentando recursos para vítimas e destacando a importância da segurança online para crianças e adolescentes.
Projeto Educação e Sustentabilidade: Desde o ensino infantil até o ensino médio, nas 12 escolas atendidas pelo projeto foram alcançados públicos como as famílias, professores e gestores dos municípios. Debatendo a temática de forma adaptada aos diferentes públicos e utilizando materiais como livros, vídeos e cartilhas informativas.
Oficina do Saber: Em sintonia com a Campanha Faça Bonito e com atividades multidisciplinares, o projeto combinou educação e conscientização. Houve ainda a confecção de flores da campanha “Faça Bonito”, além de atividades sobre coletividade, responsabilidade e autocuidado.
Projeto Sistema de Vínculos Solidários: Nas comunidades acompanhadas aconteceram formações e debates sobre combate à exploração sexual, reunindo famílias para discutir e desmistificar questões de abuso, fortalecendo a proteção das nossas crianças e adolescentes.
Projeto Biblioteca Itinerante na Trilha da Leitura: Levando leitura a escolas públicas e áreas rurais, as ações de maio promoveram conscientização sobre abuso sexual e direitos das crianças através de atividades lúdicas e educativas.
Passeatas: Em Pombos e em Glória do Goitá, crianças, jovens e nossa equipe participaram de passeatas de conscientização, distribuindo materiais informativos sobre proteção infantil. Esta ação integra a campanha nacional contra o abuso e exploração sexual, mobilizando a comunidade para agir.
DADOS
De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), Pernambuco registrou 2.941 casos de abuso sexual em 2023, sendo 70,18% das vítimas crianças ou adolescentes. A maioria dos casos envolve crianças e adolescentes pardos e do gênero feminino. Alterações bruscas no comportamento, dificuldades de socialização, queda no desempenho escolar e evasão são sinais que merecem atenção. Identificar esses sinais e atuar de forma imediata é essencial para minimizar os danos causados pela violência.
COMO DENUNCIAR?
Denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes podem ser feitas à Polícia Militar de Pernambuco pelo número 190 ou pelo Disque 100, do Governo Federal. A Ouvidoria da Secretaria da Criança e Juventude de Pernambuco também recebe denúncias anônimas pelo e-mail ouvidoria@scj.pe.gov.br. Quem tem conhecimento de violações e se omite em denunciar pode ser responsabilizado judicialmente.