Como levar para a sala de aula uma temática tão atual e urgente quanto a sustentabilidade? Como fazer com que os estudantes consigam relacionar esses conhecimentos ao seu cotidiano? E de que forma integrar educadores, escola e comunidade nesse processo? Essas foram algumas das questões que surgiram durante a formação realizada no último dia 5 de maio, na sede da Giral, em Glória do Goitá.
Voltada a professores da rede municipal de Feira Nova, a atividade foi realizada em parceria com a Secretaria de Educação e a Prefeitura Municipal, reunindo educadores das áreas de Ciências, Geografia, História e Educação de Jovens e Adultos (EJA) para aprofundar reflexões sobre educação contextualizada e sustentabilidade.
Conduzida por Agamenon Porfírio (jornalista e comunicador popular), Maria Isabela (engenheira agrônoma e coordenadora de projetos da Giral) e Everaldo Costa (jornalista e fundador da instituição), a formação foi estruturada em torno de um percurso que partia da educação como prática emancipatória até chegar às possibilidades concretas de trabalhar a sustentabilidade em sala de aula. Como guia nessa jornada, nosso patrono Paulo Freire.
“A proposta da formação é integrar a discussão sobre educação e sustentabilidade, preparando professores para a realização de ações educativas inovadoras, com a participação ativa dos estudantes, considerando suas crenças e relações comunitárias”, destacou Everaldo Costa. Para ele, a experiência reafirma a importância da escuta e da construção conjunta entre educação formal e não formal: “Facilitar o momento, escutar os professores e pensar alternativas para uma educação transformadora é acreditar que juntos podemos deixar um mundo melhor para as futuras gerações”.
Mais que um momento formativo, o encontro se desdobrou em um rico intercâmbio entre professores e equipe da Giral. “Foi desafiador, tanto pela complexidade do tema quanto pelo nível da turma”, compartilhou Maria Isabela. “É diferente trabalhar com professores e com educandos, mesmo sabendo que estamos todos aqui para ensinar e aprender. Mas acredito que o desafio foi cumprido. Falar sobre sustentabilidade é um dever nosso, enquanto instituição promotora de desenvolvimento humano e territorial. Atualmente, não tem como pensar em desenvolvimento – seja ele qual for – sem falar em sustentabilidade ambiental, social e econômica”.
A formação dialogou com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU e apontou caminhos para que os educadores levem esses conteúdos de forma crítica e contextualizada às salas de aula. Para Daniel Henrique, professor de História da rede municipal de Feira Nova, o encontro foi significativo: “Foi de suma importância. Eu já tinha curiosidade de conhecer a Giral, e me surpreendi. Às vezes a gente pensa que esse tipo de trabalho só existe nas capitais, mas não. Aqui no interior a gente encontra esse tipo de trabalho. Aprendi bastante sobre como abordar esses temas com os alunos”.
Yasmine Vitória, professora de História e Espanhol, também saiu tocada pela experiência. “Achei a formação muito enriquecedora. Trouxe informações muito pertinentes, e muitas vezes a gente acha que já sabe de algo, mas é só um conhecimento vago. Hoje a gente pôde se aprofundar”, afirmou. Um dos aprendizados que mais marcaram Yasmine foi sobre o papel transformador das oportunidades: “Aqui o Giral é um local realmente de mudança. A questão da oportunidade muda a vida das pessoas”.
Entre práticas, reflexões e partilhas, a formação reafirmou o compromisso coletivo com uma educação que transforma e se transforma junto com o território. Uma educação pautada na escuta, que respeita e valoriza as experiências locais — e que, sobretudo, semeia esperança.