O som mecânico e compassado das máquinas preenchem a sala de corte e costura da Escola de Moda. As mãos precisas e os olhos atentos conduzem tecido e linha, se fundindo em uma só peça. A costura tem se mostrado uma ferramenta de inclusão social, bem-estar e até mesmo uma oportunidade de renda. Para muitas alunas da terceira idade, aprender a costurar representa a realização de um sonho, momentos de interação e o estímulo que muitas estavam precisando.
Sentada à máquina, Dona Josefa Mendes, conhecida como Dona Zefinha, de 79 anos, relata como a participação nas atividades da Giral trouxe melhorias para sua saúde. “Estou feliz da vida porque estou aqui. Só perco quando preciso ir ao médico, mas não gosto de perder não”, conta animada. Além do curso de corte e costura, ela também participa de atividades promovidas por outros projetos da Giral e relata mudanças significativas em sua rotina. “Meu colesterol era muito alto, mas desde que comecei a frequentar as atividades, minha saúde melhorou. Minha médica disse que meus exames estão muito melhores. Hoje, quando eu chego aqui, eu me sinto no céu. Me acordei às quatro da manhã para não perder a hora.”
Francy Silva, uma de nossas educadoras, confirma as mudanças relatadas não só por Dona Zefinha, mas por outras participantes da Escola de Moda. “A autoestima melhora muito e também a agilidade mental. Muitas comentam que começaram a lembrar mais das coisas, então o aprendizado tem um impacto real na vida delas”. Francy explica que ensinar o corte e costura para pessoas da terceira idade exige uma abordagem diferente. “Elas aprendem mais devagar, com um pouco mais de dificuldade, então a gente precisa ir no ritmo delas, acompanhando de perto cada etapa do processo. Explico aqui na mesa, depois vou junto à máquina e volto à mesa de novo. É tudo bem minucioso.” E completa, “algumas chegam aqui sem saber nada e com calma, vão aprendendo.”
Atividades manuais como a costura oferecem benefícios que vão além do aprendizado técnico, como destaca a psicóloga Larissa Tainá. “Além de desenvolverem uma nova habilidade, essas mulheres encontram um apoio social importante. O grupo e a própria instituição proporcionam uma rede de interação, algo fundamental para o envelhecimento ativo. Muitas vezes, são mulheres que já passaram por fases em que se dedicaram à família e agora buscam ressignificar seu papel na sociedade, seja aprendendo, fazendo novas amizades ou até mesmo empreendendo.”
Para além da costura, outras atividades manuais e coletivas podem oferecer os mesmos benefícios. “Muitas mulheres buscam não só se manter ativas, mas também ter uma fonte de renda extra, algo que traga realização pessoal e independência financeira. Quando uma atividade manual acontece em grupo, os ganhos são ainda maiores, porque há troca de experiências e fortalecimento de vínculos”, explica Larissa.
Aluna do curso básico de corte e costura, questionada se vai fazer o curso avançado, Dona Zefinha diz que só vai sair “quando estiver craque”. Ela arranca risadas das colegas de turma e volta sua atenção, novamente, para a peça que costura na máquina. A Escola de Moda da Giral tem sido esse lugar de acolhimento e realização de sonhos. Com paciência e dedicação, nossas educadoras acompanham de perto a evolução das alunas e testemunham histórias de transformação como a de Dona Zefinha, que encontrou na costura mais uma razão para acordar todos os dias com alegria e entusiasmo.
Realizada pela Giral, essa ação conta com a parceria do Ministério das Mulheres.