O Centro Cultural Mestre José Lopes, em Glória do Goitá, segue abrigando a exposição “Olhares Rurais: Memórias e Transformações do Campo”, uma mostra que reúne 28 obras visuais assinadas por 13 jovens artistas, com idades entre 12 e 16 anos. Com curadoria do artista e educador Wemisson Araújo, a exposição é resultado do trabalho coletivo do grupo Paleta Coletiva, formado a partir das formações artísticas promovidas pela Giral em 2024.
As pinturas retratam o cotidiano do campo com foco em personagens, paisagens, práticas e elementos culturais que fazem parte da vida nas comunidades rurais da região. Além disso, as obras apresentam o olhar crítico e sensível dos jovens artistas sobre as transformações sociais, econômicas e ambientais de um período de intensa modernização do meio rural brasileiro.
Depois de passar por instituições importantes da capital pernambucana, como UNIFAFIRE, UNICAP, Museu do Estado de Pernambuco e Museu do Homem do Nordeste, a exposição ganha novo significado ao retornar à cidade que inspirou suas obras. “Estar em Glória do Goitá tem sido especialmente significativo”, afirma Wemisson Araújo. “Aqui, a mostra tem proporcionado ao público a oportunidade de enxergar o campo de uma maneira única. A adesão das escolas tem sido marcante, especialmente por ter um público jovem, possibilitando momentos ricos de mediação com os artistas. Isso fortalece o grupo e contribui para seu amadurecimento. É uma oportunidade ímpar para todos nós.”
Desde a abertura, o Centro Cultural tem recebido visitas frequentes de escolas públicas do município, cujos professores têm aproveitado a oportunidade para conectar os alunos à história e à arte local. Para muitos visitantes, é a primeira vez diante de uma obra de arte criada por alguém tão próximo – em idade, território e vivência.
Essa aproximação entre artistas e público também tem sido de grande aprendizado para os jovens. “Participar e interagir com as pessoas tem sido muito bom, pra mim e pros meus colegas. É uma experiência de comunicação, de tirar dúvidas, de se apresentar”, diz Djenify Alves, integrante da Paleta Coletiva. A artista comenta sobre a experiência da mediação e apresentação das obras: “No começo, fiquei nervosa, teve uma turma que nem consegui falar. Mas depois, fui me soltando. Percebi que estava não só explicando as obras, mas também aprendendo. As professoras também sabiam muito sobre as transformações do campo.” Djenify destaca que, para além da técnica, o processo tem sido quase terapêutico: “Falar com o público e perceber que estava tudo bem, que eles estavam interessados foi uma experiência nova e maravilhosa, que vai ser muito importante no meu futuro.”
O secretário de Cultura do Município, Pablo Dantas, celebrou a exposição e o talento dos artistas. “Estamos orgulhosos com essa exposição. É a primeira que realizamos aqui no Centro Cultural Mestre Zé Lopes e tem atraído muitos visitantes, em especial os estudantes e professores. A exposição Olhares Rurais é uma forte demonstração de arte e compromisso social.”
Fruto do investimento em formação artística e cidadã da Giral, a exposição revela a potência da juventude quando ela tem acesso a ferramentas e espaços de expressão. O campo, muitas vezes retratado de maneira estereotipada ou invisibilizado, ganha aqui novas cores, vozes e narrativas. Até junho, o convite está aberto: visitar a exposição é, também, revisitar a própria terra com novos olhos.
Parte integrante do Projeto Educação e Vivências Inclusivas, a iniciativa é uma realização da Giral e conta com o apoio do Programa Amigo de Valor, do Santander.